Avaliação é do Escritório Carvalhaes. Alta nas cotações internacionais nesta semana levou a um volume um pouco maior de negócios por parte dos cafeicultores brasileiros
A queda nas exportações de café registrada em setembro refletiu a resistência do produtor brasileiro em vender seu produto pelos preços que vinham sendo praticados. A avaliação foi feita pelo Escritório Carvalhaes, em boletim semanal de mercado.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) reportou que os embarques no mês passado foram de 3,26 milhões de sacas de 60 quilos, 5,3% a menos que no mesmo período em 2022. A receita caiu 23,2% na mesma comparação, para US$ 638 milhões.
Nos primeiros nove meses do ano, as remessas de café brasileiro para o mercado externo caíram 9,1% em relação ao mesmo intervalo no ano passado, totalizando 26,25 milhões de sacas. A receita caiu 17,1%, para US$ 5,547 bilhões. O Cecafé informou que o movimento foi incluenciado pelos preços internacionais de café arábica, pouco atrativos para os cafeicultores brasileiros.
Mesmo com a retração em setembro, os três primeiros meses do ano safra 2023/24 (julho de 2023 a junho de 2024) registram alta de 13,1% nos embarques. O volume enviado de julho a setembro foi de 9,93 milhões de sacas, com crescimento de 329,3% (1,82 milhão de sacas) no robusta e queda de 2,4% (7,26 milhões de sacas) no arábica.
Para o Escritório Carvalhaes, os números mostram um movimento é atípico para esta época do ano, quando há a entrada de café novo no mercado.
“O esperado é que nossas exportações a partir de julho, quando a nova safra começa a entrar no mercado, subam a cada mês, ao menos até dezembro. A queda neste mês de setembro reflete o volume bem menor neste ano das ‘vendas físicas para entrega futura’”, destaca.
Segundo Carvalhaes, os produtores recusaram as bases oferecidas pelos compradores, por acreditarem que não remuneram os custos de produção e os riscos com o clima. Os cafeicultores estão atentos aos efeitos do fenômeno climático El Niño e ao regime de chuva sobre as plantações.
A companhia avalia ainda que uma escalada no confronto entre o Hamas e Israel, no Oriente Médio, é fator de preocupação. Há potencial de prejudicar o transporte marítimo internacional justamente em uma época do ano em que as indústrias estão pouco estocadas e precisam comprar o produto para atender a demanda do inverno no Hemisfério Norte, quando o consumo aumenta.
Neste cenário, os preços do café arábica na bolsa de Nova York tiveram uma semana de recuperação e de “alta consistente”, avalia o Escritório Carvalhaes. Na sexta-feira (13/10), o contrato para entrega em dezembro fechou cotado a US$ 1,5490 por libra-peso, valorização de 3,75%. O vencimento maio de 2024 terminou a US$ 1,5515 (+3,43%).
Com a valorização dos últimos dias, cafeicultores que precisavam vender para necessidades de mais curto prazo fecharam um volume um pouco maior de negócios. Em um ambiente classificado como “calmo” no mercado físico brasileiro, uma saca de 60 quilos de um cereja descascado de bom preparo era cotado entre R$ 870 e R$ 920 na sexta-feira.
Um café fino a extrafino da de Minas Gerais e da Mogiana Paulista foi negociado de R$ 840 a R$ 860 a saca. Um café de bebida mais dura de boa qualidade valia de R$ 820 a R$ 840. E um café classificado como mais fraco de xícara foi cotado de R$ 780 a R$ 820 a saca de 60 quilos.
Por Raphael Salomão — São Paulo
Fonte: Globo Rural



